No momento de iniciar a alimentação dos mais pequenos, todas as informações são valiosas. Veja as nossas dicas que vão fazer das refeições dos seus filhos um momento de boa disposição para pais e bebés…e, sim, pode dar carne de borrego!
Assim que deixam de beber exclusivamente leite, começam as dúvidas sobre qual será o melhor regime alimentar para as crianças. Variedade, qualidade e quantidade adequadas parecem ser os três pontos em que todos os especialistas estão de acordo. Se lhes juntar paciência, terá a receita de sucesso para que a introdução ao maravilhoso mundo da alimentação seja feita da melhor maneira possível.
VARIEDADE
Além dos produtos hortícolas e frutícolas, bem como de peixe, a Organização Mundial de Saúde (OMS) continua a indicar o consumo de carne para todas as idades, como um fator importante para uma dieta equilibrada. E, dentro desta, a carne de borrego – a carne de ovinos jovens, com menos de um ano – é uma das primeiras a ser indicada para começar a introduzir na alimentação: a partir dos seis meses.
CONHECIMENTO & PACIÊNCIA
De acordo com dados da Associação Portuguesa de Nutricionistas[1], a preferência pelo salgado vai-se desenvolvendo a partir do segundo semestre de vida. Esta capacidade de o bebé aceitar novos sabores – sobretudo os amargos ou ácidos, já que parece vir com predisposição para os mais doces – aumenta à medida que se familiariza com eles. A ideia é ir insistindo, de várias formas e em alturas diferentes, de modo a que o sabor se torne conhecido da criança. Os especialistas avançam que, por vezes, são precisas 11 tentativas até se ter sucesso. É importante que não se desista nesta altura, porque a janela de oportunidade para habituá-los a sabores mais diferentes fecha-se entre os dois e os três anos. Nada é definitivo, claro. Mas não vale a pena complicar a vida deles…nem a nossa…
“Uma diversificação alimentar efetuada no momento certo, através da introdução de alimentos de consistência, densidade energética (energia por unidade de volume) e em nutrientes adequados, administrados numa quantidade e com uma frequência corretas, será o garante de uma oferta energética adequada e nutricionalmente equilibrada que, em última consequência, garante uma estimulação do apetite e a procura de novos paladares e texturas para a vida.”[2]
Sociedade Portuguesa de Pediatria
QUALIDADE & QUANTIDADE
Tanto a carne branca como a vermelha são fontes nutricionais de minerais de elevada biodisponibilidade (nomeadamente zinco e ferro), bem como de ómega-6. Além disso, dentro das carnes vermelhas, a carne de borrego tem a vantagem de possuir menor quantidade de gordura.
- Saiba que a carne de borrego contém:
Zinco – essencial na manutenção do sistema digestivo, imunitário e reprodutivo;
Ferro – mineral essencial para o bom funcionamento das células, produção de energia e ajuda no transporte do oxigénio;
Ómega-6 – importante no reforço do sistema imunitário, manutenção do funcionamento adequado do cérebro e do desenvolvimento normal do organismo.
Vitamina B12 – ajuda a manter uma boa saúde cardiovascular;
Fósforo – benéfico para os ossos, dentes e sistema imunitário.
A partir do sexto mês de vida, em termos de quantidades, a porção inicial de carne, que deve ser isenta de gordura, deve ser de 10 gramas, e pode ir aumentando gradualmente até aos 25-30 gramas.
A partir do sétimo mês, a dose diária pode ser oferecida toda numa só refeição (ao almoço ou ao jantar) ou pode ser dividida em duas refeições principais. É (mesmo) à vontade do pequeno freguês.
IDEIAS PARA CONFECIONAR
Aos seis meses, a carne ainda deve ser triturada, por isso, a melhor forma de ser consumida pode ser adicioná-la a um puré ou caldo de legumes. Aos sete meses, pode começar a introduzir a farinha de mandioca, por exemplo, ou fazer uma açorda adaptada ao palato – e necessidades – dos mais pequenos. No mês seguinte, entram em cena a massa e o arroz, sem esquecer o acompanhamento indispensável dos legumes. Chegados aos dez meses, a carne pode ser retirada da sopa e ser servida como prato principal. Porém, não exceda as 30 gramas por dia de proteína animal. E, em todo este processo, lembre-se que não há necessidade de adicionar o sal. Os alimentos têm um sabor apurado só por si, sobretudo quando se prova pela primeira vez.
&PACIÊNCIA…
Já tocámos neste ponto? Nunca é demais. Não se esqueça de que está a introduzir algo completamente novo no palato da sua criança e, não só é importante que ela o aceite no momento presente, como é necessário pensar a longo prazo. Uma dieta alimentar equilibrada e que perdure no tempo, é meio caminho andado para garantir uma boa qualidade de vida e prevenir doenças futuras.
A adaptação a novos sabores e texturas, de forma gradual e paciente, é igualmente uma fonte de descoberta e aprendizagem para a vida. Feita em família, de forma relaxada e prazerosa, é melhor ainda.
RECEITA
Borrego com legumes e pêra (para bebés a partir dos seis meses)
Ingredientes:
- 120 g de carne de borrego limpa
- 100 g de abóbora
- 50 g de batata
- 50 g de cebola
- ½ pêra
- Azeite q.b.
Preparação:
- Limpar bem a carne de borrego, remover todos os ossos e cortá-la em pequenos pedaços.
- Cozer a carne de borrego numa panela com água quente durante cerca de 25 minutos.
- Lavar e descascar a abóbora, a batata, a cebola e a pêra; de seguida cortá-la em cubinhos e juntar à carne, deixando cozer por mais 15 minutos. A mistura deve ser reduzida a puré.
- Na hora de servir, adicione ao prato do bebé 1 colher (chá) de azeite e envolva.
[1] https://www.apn.org.pt/documentos/ebooks/1000_DIAS_EBOOK-2706.pdf
[2] https://www.spp.pt/UserFiles/file/Protocolos/Alimentacao_Nutricao_Lactente.pdf